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Quatro-Quatro-Dois



Quarta-feira, 03.10.12

Do jogo de Paços ao jogo dos passes...

Se há Estádio ao qual gosto de ir ver o Benfica é ao velhinho Mata Real. Acredito que não o entendam... Mas é a mais pura das verdades. E só lamento nunca ter lá ido enquanto aquela bancada amovível / permanente (cheia de cadeiras que magoam quem vê a bola de pé) não substituiu o velho peão (no Estoril ainda tive esse prazer)…”

 

Não sei do que gosto mais… Se ver o jogo num sector em que parece que as pessoas estão quase encavalitadas a ver o jogo, se a entrada onde apenas cabem duas pessoas lado a lado (em caso de acidente ou pânico havia de ser bonito…), se as redes, se a casa e o quintal junto à bandeirola de canto no sector visitante. Não estou a ser irónico… Adoro mesmo ir à Mata Real… “É tão mau…mas tão bom!”

 

Vamos ao jogo.

 

O Benfica surgia em Paços obrigado a ganhar. A jornada anterior tinha sido madrasta e dos 3 grandes (e a deslocação do Braga também era difícil, mas estou convencido que o destino do Vitória este ano é lutar para não descer de divisão) tinha o jogo mais complicado.

 

Em campo algumas surpresas. A titularidade “forçada” de Lima pela lesão de Cardozo (daquelas lesões que facilitam a vida aos treinadores…) e uma nova oportunidade (mais uma desperdiçada) para Nolito.

 

Sem grandes invenções e na tática habitual o Benfica entra logo num dos campos mais complicados da primeira Liga (e tire-se o chapéu ao Paços, já que é complicado para todos os grandes… e não apenas para alguns…) a perder, com um golo de Cicero na cara de Jardel. Isto depois da partida ter sido interrompida aos 3 minutos por falha no sistema de iluminação…

 

Depois da péssima exibição de Coimbra haveria pior início?

 

Felizmente, alguém no Benfica percebeu que se calhar até era boa ideia contratar um dos melhores avançados a jogar em Portugal no último dia do mercado e passados 2 minutos, Lima restabelece o empate numa jogada em que Enzo Perez marca um livre (mais uma boa exibição), Jardel (este novo Jardel…) cabeceia e o guarda redes do Paços falha… E quem falha assim em frente ao Lima… Sofre golo.

 

Com oito minutos jogados, pensei que o Benfica iria avançar para uma exibição mais solta e arrancar para um jogo mais tranquilo. Puro engano.

 

O futebol típico do Paços e a desinspiração de alguns jogadores do Benfica foram fazendo o resto, e foi sem surpresa que Jorge Jesus deixou no balneário Nolito (que pouco fez sem ser um passe bem medido para Sálvio) e apostou em Gaitan.

 

O Benfica entrou com outra atitude e outro futebol. Foi pressionando o Paços mas sem conseguir chegar à baliza. Jesus volta a mexer na equipa e a apostar tudo… Troca o trinco (Matic) por um médio mais ofensivo (Carlos Martins) e recua Enzo Perez (extremo, médio centro, e agora trinco…).

 

Cerca de cinco minutos depois o Benfica tem o prémio que merece. E Lima bisa após uma jogada de insistência de Maxi Pereira na área do Paços (a melhor coisa que fez em mais uma exibição muito pouco conseguida).

 

Com o Benfica a liderar o marcador, Jorge Jesus mostra aquela característica tão tradicional do treinador português: bora lá defender o resultado.

Sai avançado (Rodrigo) e entra trinco (André Almeida), acabando o Benfica com três médios centro (Perez, Almeida e Martins) e apenas um avançado.

 

No final do jogo, e mesmo já com fora de jogo assinalado, foi a vez de Artur brilhar e mostrar que entre os postes o Benfica está bem descansado.

 

Vitória merecida de uma equipa de soube procurar a sua sorte e teve atitude muito diferente da de Coimbra.

 

Destaque evidente para Lima, que podia ter marcado mais que 2 golos e que demonstra que um jogador feito e de qualidade raramente necessita de adaptação.

 

Saltemos da Mata Real e do futebol profundo para as noites de Gala da Liga dos Campeões no Estádio da Luz.

 

 

O “convidado” desta noite era a melhor equipa de futebol que alguma vez vi jogar (não me lembro do Brasil de 82 e o Barcelona de Cruyff e o Benfica do primeiro ano do Jesus não chegaram a este patamar…).

 

Alguns dizem que o futebol do Barcelona é chato e está a matar o jogo. Eu acho que o Barcelona está a ir buscar as raízes do jogo… O Barcelona joga o futebol como desporto coletivo, passa a bola entre quase todos os seus jogadores, joga em bloco, procura espaços e quase todos marcam golos. E depois tem Messi, que porventura já é neste momento o melhor jogador de todos os tempos (apenas lhe falta ganhar o Mundial no Brasil).

 

Casa cheia e o ambiente das noites europeias. Deu-me alguma confiança.

 

Jorge Jesus tentou surpreender a equipa adversária, e no onze colocou Bruno César de início (no lugar de Rodrigo) e manteve a aposta da segunda parte de Paços: Gaitan (é Liga dos Campeões e o Argentino é para valorizar).

 

A ideia pareceu boa quando o Bruno César rematou logo aos 3 minutos para uma defesa de Valdez. Procurar espaços e ter bons rematadores de longe.

 

Mas do outro lado está o Barcelona. E naquelas jogadas de playstation marcam golo. Cruzamento rasteiro de Messi do lado esquerdo e Alexis Sanchez na área a faturar.

 

O Benfica não se deixou abater e foi à procura da sorte. Poucos minutos depois, Lima tem uma boa oportunidade, mas não concretiza.

 

Depois foi o costume. O Carrossel do Barcelona e as outras equipas a correr atrás da bola (menos de 30% de posse de bola para o Benfica...)

 

O Benfica bem tentou dar a volta. Jesus trocou Bruno César por Carlos Martins ao intervalo. Se a exibição de Bruno César não tinha sido nada de assinalável, a de Carlos Martins foi talvez a pior que fez no Benfica, a fazer lembrar os seus tempos no lado de fora da Segunda Circular. Péssimo.

 

Sem surpresa, o Barcelona fez o 2-0 aos 56 minutos. Desta vez Fabregas. Mas o arquiteto foi novamente o mesmo: Messi.

 

Nova alteração no Benfica, com Aimar a entrar para o lugar de Enzo Perez (que ontem jogou melhor quando mais descaído…) e desde logo mostrou o seu habitual. Excelentes pés, bons passes, aquela “grinta” de ter a bola … mas nada mais… e esfumou-se em 15 minutos…

 

O rumo do jogo não se alterou e foi sem qualquer surpresa que o Benfica foi derrotado pelo Barcelona.

 

Queria destacar Matic pelo excelente jogo que vez frente ao melhor meio campo mundial e Melgarejo, nem tanto por ter feito um jogo espetacular (que não o foi… já que pareceu amarrado ao trabalho defensivo) mas por ter conseguido, em poucos jogos, que acabasse a conversa da defesa esquerdo. Tem as suas falhas, está em processo de aprendizagem mas a verdade é que tirando o jogo com o Braga, não foi mais por Melgarejo que as coisas não correram bem. E lembrem-se, está a fazer os primeiros jogos como lateral esquerdo na sua vida. Mérito da sua qualidade como futebolista e de Jorge Jesus.

 

E finalmente Jardel. Porque tem crescido de jogo para jogo, porque é um jogador humilde e trabalhador. E porque apesar da qualidade de Luisão, também não tem sido por Jardel que as coisas têm corrido mal.

 

Destaque negativo para a Luz. Era obrigatório apoiar mais o Benfica. Só demonstra que a maioria dos adeptos não foi à Luz para apoiar o seu clube mas apenas para ver o Barcelona jogar contra o Benfica. É sintomático do que se tornou o adepto do clube “grande”… Sintomático e sobretudo triste…Apesar do bonito gesto de aplaudir a saida de Puyol...

 

Foi no entanto com prazer que vi esta equipa defrontar o meu Benfica. É jogando contra os melhores que ficamos melhores, e no final do jogo não acredito que alguém tenha saído da Luz revoltado com os nossos rapazes (no geral...com o Martins podem estar) ou com o treinador.

 

Simplesmente foi frente aos melhores do Mundo e um extraterrestre…

 

Estou convencido que o nosso destino nesta Liga dos Campeões se vai traçar no duplo confronto com o Spartak de Moscovo. Quatro pontos dos seis possíveis deverão ser suficientes para encarar os dois jogos restantes (Celtic na Luz e a deslocação a Nou Camp) com confiança. 

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rematado por Ricardo às 21:53


3 Gabrieis Alves

De FILIPE MAGALHAES a 04.10.2012 às 00:16

destaque para melgarejo...o benfica com 5 milhoes nao comprava um lateral tao bom...nao é um super lateral(ainda)...um super lateral custa 15/20 milhoes...

De Ricardo a 04.10.2012 às 09:05

Sem tirar nem pôr... :-)

De eagle01 a 04.10.2012 às 13:14

Quanto ao defesa esquerdo, se bem que Melgarejo tem mostrado condições para vencer - apesar das criticas brutais da generalidade dos burros analistas - na realidade quanto custava o Eliseu?

É óbvio que Vieira quis ajudar o FCP, ao contratar o Salvio por verba recorde, uma vez que nessa posição temos Gaitan, Enzo Péres e Bruno César. Porque o que se precisava - de acordo com os manuais - era de um defesa esquerdo E porquê? Porque no fundo, no fundo, a esmagadora maioria dos adeptos não quer saber dos erros do Xistra, do Proença ou Benquerença. A culpa de perdermos o campeonato foi do Emerson, claro, uma vez que o Roberto já cá não está.

E a Direcção fez-lhes a vontade. Mas na hora de reforçar escolheu uma posiçao que não tinha sido questionada até porque só Bruno César tinha marcado 10 golos em toda a época.

E depois o futebol é isto: jogando menos, qualquer um dos menos utilizados Gaitan ou Bruno César tememnos hipóteses de mostrar o seu potencial. Porque quem anda ou andou no futebol, sabe que uma coisa é treinar, outra é jogar. A nossa Direcçao não percebe, porque como se sabe, não está ali a tratar dos assuntos só do Benfica.

Quanto às crónicas, é uma visão com alguma paixão. Não concordo que JJ tenha querido defender o 21 em Paços, porque tivemos pelo menos 3 situaçoes para ampliar a vantagem depois de entrar André Almeida. Qual então a intenção da sua entrada? Para mim, foi reforçar o meio campo, impedindo o Paços de construir mais jogo e ao mesmo tempo, aproveitar mais situações de contra ataque, porque com mais um jogador nessa zona do campo, roubam-se mais bolas.

Mas o Lima que a encostar é bom, a fazer chapéus não é. Foi pena o Cardozo não estar ali.

E aliás foi Lima afaezr a falta desnecessária (e até ridicula) que obrigou o Artur à defesa da noite. Não foi a entrada do André Almeida ...

Contra o Barcelona, penso que os jogadores a dada altura ficam esmagados pela impotência de não ter bola. Daí alguma desconcentração no jogo ...

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